
@ The Narrator
2025-04-25 18:07:17
**Quem vai enfrentar o extremismo supremo?**
*Artigo de Rodrigo Constantino publicado em 15/04/2025 na Gazeta do Povo*
Não podemos normalizar o absurdo. Um povo submetido constantemente a doses cavalares de surrealismo acaba se anestesiando, até como mecanismo de defesa. Mas se o brasileiro perder a capacidade de indignação, então já era: a ditadura se instaura de vez com mais força ainda. Por isso cada um de nós que ainda não perdeu o juízo (e a coragem) tem obrigação moral de se manifestar, de gritar, de apontar para os absurdos do Supremo. Se mais e mais gente fizer isso, teremos alguma chance de reverter o quadro.
É o que tem feito a Gazeta do Povo, jornal sério que vem denunciando a situação do nosso Poder Judiciário. Em seu editorial de hoje, a Gazeta resume bem: “Ministros do STF trabalham ativamente para torpedear um projeto de lei que tramita no Poder Legislativo. O nome disso é atuação político-partidária”. E tal atuação é vedada pela própria Constituição, sob pena de impeachment. O jornal também se mostra chocado com a naturalidade com a qual o restante da imprensa trata tal postura:
Difícil dizer o que surpreende mais: que a cúpula do Poder Judiciário tenha assumido de vez um caráter político, totalmente oposto ao seu papel e sem o mandato popular para fazer nada semelhante; ou que jornalistas e formadores de opinião tenham naturalizado essa atuação política do STF a ponto de narrar tais interferências como algo corriqueiro, sem nem sequer explicar que se trata de uma irregularidade proibida por lei, e até mesmo de aceitar o papel de “garoto de recados” de ministros interessados em fazer tais pressões políticas.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, voltou a confessar o crime, ao mandar vídeo para evento de “lideranças” brasileiras nos Estados Unidos se gabando de ter “enfrentado o populismo autoritário”. É o mesmo ministro que disse, num convescote de comunistas da UNE: “Nós derrotamos o bolsonarismo”. É isto papel de ministro supremo? Moraes tenta intimidar parlamentares para impedir o projeto da anistia. É isto sua função? A Gazeta conclui: “Um membro do Supremo que parta para a articulação política direta é uma disfuncionalidade gravíssima, que não há como aceitar sob pena de colaborar com o desmonte da democracia brasileira”.
Jason Miller, ex-assessor de Donald Trump, está certo ao afirmar que Alexandre de Moraes representa a maior ameaça à democracia no hemisfério ocidental. A ditadura de toga avança por conta da covardia e cumplicidade de boa parte da elite intelectual, principalmente dos jornalistas. O advogado Andre Marsiglia se destaca em meio a juristas acovardados e diz: “Se o STF ignora os limites que a Constituição impôs a ele próprio, torna-se ele próprio inconstitucional. E se isso ocorre, é dever dos demais Poderes, em nome da própria Constituição, contê-lo. Com lei. Com política. Com coragem. Porque quando o guardião se rebela contra a norma que o criou, não há mais Estado democrático de Direito”.
J.R. Guzzo, jornalista que se destaca na categoria por manter a independência e a coragem, usou o caso esdrúxulo da cabeleireira Débora para constatar: “O sistema de Justiça do Brasil foi para o saco, por culpa direta do STF e de quem lhe presta vassalagem. Sustentam que dar anistia aos réus do 8 de janeiro seria a mesma coisa que perdoar um bando de indivíduos que entrasse em sua casa para depredar a mobília etc. etc. etc. Mas acham que é perfeito anistiar os assassinos, assaltantes de banco, sequestradores e outros autores de crimes hediondos cometidos durante a ditadura militar. É a esse ponto a que chegou a degeneração do Poder Judiciário no Brasil do STF”.
Enquanto isso, a pauta pela anistia segue conquistando mais deputados, apesar da intimidação suprema, e o jornal O Globo escreve editorial chamando a anistia de “vexatória”, pregando em seu lugar, como prioridade, a censura das redes sociais. Dezenas de milhares de pessoas nas ruas, oito governadores importantes, inúmeros senadores e deputados e cerca de 300 votos na Câmara dos Deputados, mas o jornal carioca acha que essa pauta é bobagem, enquanto a “regulação” das redes sociais deveria ser prioridade! E quem exatamente prega essa agenda no povo? Ninguém!
Leandro Ruschel resumiu: “VEXATÓRIA é a postura do Globo, agindo como uma Pravda tropical, dedicada a promover a descondenação de Lula e sua ascensão à presidência. Há anos, o grupo atua como um dos principais instrumentos de propaganda do regime, buscando legitimar censura, repressão política e condenações injustas, com o evidente propósito de consolidar um autêntico regime de exceção. Por que O Globo abraçou esse papel?” Abaixo da pergunta retórica, uma notícia de que, sob Lula, a Globo recebeu mais da Secom em um ano do que em quatro anos de Bolsonaro!
Ruschel acrescentou: “O editorial do Globo, além de chamar a pauta da Anistia de ‘vexatória’, ainda cobra pela aprovação do PL da Censura das redes sociais. Por sua vez, a Globo News, também conhecida como Lula News, passou o dia em campanha contra a Anistia. A Globo é uma das principais responsáveis pela destruição do Brasil”. Difícil discordar. A implosão de nosso Estado Democrático de Direito jamais teria sido possível sem a participação ativa da velha imprensa...
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/quem-vai-enfrentar-o-extremismo-supremo/