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@ ΜΟΛΩΝ ΛΑΒΕ
2025-04-08 19:45:10O que são os juros?
Os juros são um reflexo da preferência temporal dos indivíduos: o valor que damos ao consumo no presente em comparação ao consumo no futuro. Em termos práticos, se alguém te pede dinheiro emprestado hoje e promete devolver só daqui a um ano, faz sentido você querer algo em troca por ter que esperar e postergar o consumo — esse “algo a mais” é o juro.
Nas palavras da Escola Austríaca, os juros não são um fenômeno artificial ou técnico, mas sim um fato da realidade humana: tempo tem valor. E como o tempo passa para todos, a preferência temporal é um traço universal. Logo, juros sempre existirão — e isso independe de moeda, bancos ou qualquer arranjo institucional.
Juros e poupança
Num mercado genuinamente livre, os juros emergem da relação entre dois grupos:
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Poupadores, que abrem mão do consumo presente para acumular bens que serão utilizados no futuro.
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Investidores, que tomam emprestados esses recursos para realizar projetos que renderão frutos adiante.
Quando há muita poupança, a taxa de juros tende a cair, pois há mais capital disponível para investimentos. Quando há pouca poupança, os juros sobem, pois o capital é escasso. Simples assim. É uma dinâmica voluntária, descentralizada e natural — e, portanto, intolerável para os engenheiros sociais e planejadores centrais.
Como sabotar tudo
O problema começa quando uma entidade com poder coercitivo — como um banco central, como o Federal Reserve (FED) — resolve interferir nesse processo natural. Em vez de permitir que os juros sejam determinados pelas preferências temporais das pessoas, o FED manipula a taxa básica de juros da economia, criando a ilusão de que há mais poupança do que realmente existe.
Como ele faz isso?
Simples: imprimindo dinheiro do nada e injetando esse capital nos mercados financeiros por meio da compra de títulos, operações com bancos e linhas de crédito. Essa expansão monetária distorce os sinais econômicos: os juros caem artificialmente, mesmo sem um aumento real na poupança. O crédito se torna barato — mas ilusoriamente.
O efeito prático dessa mentira monetária
Empresas e investidores, enganados por esses juros baixos, começam a empreender projetos de longo prazo como se houvesse capital real disponível para sustentá-los. Shoppings, fábricas, startups, construções, tudo parece viável. A sensação é de prosperidade: mais empregos, salários, consumo e lucros.
Mas há um detalhe crucial: a preferência temporal da população não mudou. As pessoas continuam consumindo no presente — e não há bens de capital suficientes para suprir os dois desejos ao mesmo tempo: o consumo presente e os investimentos de longo prazo.
Com o tempo, a realidade bate à porta: os preços dos bens de capital sobem, os custos dos projetos disparam, os empréstimos se tornam mais caros e muitos empreendimentos tornam-se inviáveis. Então vem a quebradeira: demissões, falências e recessão. Todo o “crescimento” anterior se revela uma miragem inflacionária.
Ciclos econômicos: uma criação do Estado
Esse processo de boom artificial seguido de colapso inevitável é o que Mises e Hayek explicaram como o Ciclo Econômico Austríaco. Não é um “erro do mercado”. É o resultado direto da distorção dos sinais econômicos provocada pela manipulação dos juros. E o culpado tem nome: o banco central — neste caso, o FED.
O FED não é um árbitro neutro. Ele é um planejador central disfarçado de autoridade monetária. Seu objetivo real é manter o sistema financeiro vivo à base de impressora. Ele socializa prejuízos, distorce o cálculo econômico e destrói o processo de alocação racional de capital. Tudo isso enquanto afirma estar “estabilizando a economia”.
A consequência disso? Inflação, endividamento, má alocação de recursos e, acima de tudo, roubo institucionalizado da poupança das pessoas comuns. O juro baixo artificial é um imposto oculto. É uma forma disfarçada de pilhagem, uma transferência silenciosa de riqueza dos poupadores — que trabalharam e se abstiveram do consumo — para os primeiros recebedores do novo dinheiro, como bancos e governos. Essa manipulação é um confisco disfarçado, que destrói capital real e sabota o esforço honesto de quem poupa.
O caminho da correção
Para que os juros cumpram sua função genuína — sinalizar a escassez ou abundância de capital — é preciso eliminar a interferência coercitiva dos bancos centrais. Em um mercado verdadeiramente livre, sem manipulação monetária, os juros seriam determinados pela poupança real, e não por burocratas em Washington.
Isso exige o fim do monopólio estatal sobre a moeda. Exige a destruição da base legal que sustenta o cartel bancário. E exige uma transição para formas de dinheiro que não podem ser inflacionadas por decreto, como o ouro ou — melhor ainda — o Bitcoin.
Para finalizar
Os juros não são uma variável a ser “ajustada” por tecnocratas com PhDs. Eles são a expressão natural das escolhas humanas diante do tempo. Qualquer tentativa de manipular essa realidade só pode gerar desequilíbrios, crises e sofrimento econômico.
Enquanto o FED existir, ciclos econômicos serão inevitáveis. Não por causa do mercado — mas porque um punhado de burocratas acredita que sabe mais do que milhões de pessoas agindo voluntariamente.
Liberdade monetária é a única solução. E a destruição do banco central é apenas o começo.
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