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@ Rafa Borges
2023-07-29 02:53:40Na era das crises há de ser atenuada a crise na Igreja Católica e todos os seus contornos já obstruídos por invasões de elementos externos e nocivos à doutrina. Por perigo dos mal entenderes gerados pela abertura da discussão, pontos precisam ser elucidados: 1) ao tratar da crise na Igreja muitos daqueles que negam a existência de crise acusam o expositor de estar gerando conflito e separando as comunidades católicas, há de ser constatado que as maiores vitórias da Igreja se dão sobre lutas em defesa da fé católica sem qualquer medo de cisões, e que pelo contrário da compreensão dessa parcela, a Igreja se fortalece no combate, inclusive no combate interno, tendo em vista exemplos históricos em combates às heresias como a heresia ariana e a heresia gnóstica. 2) É inegável a existência de crise na Igreja Católica, trata-se da lógica sobre o cenário do mundo, os que minimizam a crise tendem a considerar que a Igreja sempre as teve, por certo não erram, entretanto isso não significa que a atitude correta do católico seja aceitar o conjunto de erros praticados pelo magistério e jogá-los para debaixo do tapete, mesmo havendo a compreensão de que as portas do inferno nunca prevalecerão sobre a Igreja e de que após essa crise triunfará o Imaculado Coração de Maria se faz necessária a luta. 3) É certo que menor parte dos expositores da crise tendem ao mal caratismo, são tidos e havidos como radicais e transformam o exercício em defesa da fé n’uma expansão egocêntrica de saberes em abuso da paciência alheia, chegam ao ponto de formularem difamações contra papas e adulterarem a eclesiologia católica para o favorecimento de suas teses, estes ao se depararem com um texto deste presente teor poderão ser capazes de extrair informações e usá-las futuramente com fins de adulteração do cenário real da crise, tendem a se preocupar mais com acusações contra determinadas figuras do que com a busca pelo real entendimento sobre o que ocorre com a Igreja Católica, ficando assim o alerta ao leitor.
Em retorno ao segundo ponto para em via o desenvolvimento da análise, sobre ser incogitável a crença de inexistência de crise na Igreja, é dito que segue a lógica do cenário, ora, pois percebe-se que governos, sistemas econômicos e civilizações inteiras possuem suas crises, mesmo instituições religiosas as possuem, a Igreja Católica não está fora dessa lógica. Medida a concentração de poder nas mãos de uma única classe financista à nível global torna-se realidade a hegemonização dos processos políticos, sociais e espirituais das civilizações, é de compreensão por analistas políticos, econômicos e da seara das crenças religiosas que o atual cenário do mundo não é dos melhores, estamos a beira de um colapso financeiro, político e também espiritual. A perceber tal fato implicamos com os expositores do problema, quais geralmente possuem grande conhecimento no campo da teologia e eclesiologia, porém padecem de entendimento sobre a questão política, e de fato, a política do Vaticano é bastante ignorada pois ainda tem-se uma visão da Igreja Católica como Roma, e não como Vaticano.
O Vaticano é já um Estado, apesar de teocrático, inserido no tabuleiro da política internacional, além de ser a modernização de um império bimilenar. É de pleno conhecimento que o serviço de inteligência do Vaticano é um dos mais eficientes do mundo, trabalha com agentes duplos, em específicos momentos houveram agentes de Roma que simultaneamente trabalhavam tanto para a CIA quanto para a Santa Aliança, e o mesmo sobre agentes que trabalhavam simultaneamente para a KGB e para a inteligência do Vaticano, e também trabalha com serviços de inteligência como exemplo a Mossad. Questões inexplicadas são ignoradas por tradicionalistas, os questionamentos sobre o Banco Vaticano (Istituto per le Opere di Religione) e relações com a máfia italiana são exemplos pedantes, assim são ignoradas pois estes fixam os olhares somente aos escândalos referentes aos desvios doutrinários de partes do clero, mas que se observassem esse aspecto tenderiam a observar que as bases dos desvios não são somente apreços por ideais modernistas e ideologias seculares oriundos de religiões civis, evitariam os reducionismos e veriam que a fumaça de satanás dentro da Igreja não é fruto do Concílio do Vaticano II, ou mesmo não culminaria na crença de que bastasse excomunhão em massa que os problemas de infiltrações e sabotagens no Vaticano chegariam ao fim.
É de conhecimento de muitos o recente encontro entre papa Francisco e o presidente do Brasil, Luís Inácio "Lula" da Silva, por certo também se tornou notório que o papa usou do encontro para fazer com que Lula usasse de sua influência — e também sua sanha de obter holofotes em forma de outorgar para si uma imagem populista de líder nacional humanista — a fim de pressionar Daniel Ortega para que soltasse bispos presos em seu regime, e claro, bispos estes que foram presos por prática de espionagem — possivelmente informação obtida pela inteligência cubana, que atua no país —, e assim vemos através do exemplo de que a Igreja Católica tem ciência dos perigos que a cerca, enganam-se os que creem que a ignorância leva a Igreja a deixar com que atuem os modernistas, e tão pouco essa permissibilidade é blefe, por um lado mostra a prática da distribuição de cargos como meio de manipular a política interna e externa, por outro lado mostra subordinações da Igreja frente às ameaças de seus inimigos (como exemplo do regime de Ortega, cujo torna-se anticatólico dia após dia desde sua conversão ao protestantismo).
Para a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, para este ano de 2023, foi escolhido dom Américo Aguiar como principal nome para a concretização da JMJ 2023, ocorre que o bispo é um notório modernista com passado de militância socialista (ainda mantendo amizades com militantes socialistas, inclusive políticos) e adepto de heresias, como em oculto a crença milenarista na união entre as grandes religiões por via de uma transcendentalidade comum, e que em uma infelicidade renegou a necessidade de converter os jovens, muitos se escandalizaram com a fala do bispo, entretanto restringiram-se as indignações em ataques ao modernismo, foram deixadas de lado as questões sobre o porque bispos com passado socialista estão ascendendo politicamente na Igreja, ora, se visto que o Vaticano possui um serviço de inteligência muito eficaz é lógico que a Igreja tenha pleno conhecimento sobre os passados de nomes como dom Américo.
É notório que essas distribuições de funções importantes para partes do clero compromissadas com a defesa de religiões civis e de heresias modernistas tem seus motivos alinhados a política, e se assim é de fato percebe-se que mesmo os olhares dos fiéis mais atenciosos com os problemas da Igreja hoje evitam essa seara. Por claro, ao expormos essa veia política na crise não tendemos aos mesmos erros dos gibelinos, que condenavam a atuação da Igreja frente a política, pois é bastante claro que a Igreja sem movimentações políticas se torna um instrumento e lega sua autonomia frente a tempos problemáticos, porém se atentarmos mais a essa área poderemos até mesmo perceber mais a figura do papa Francisco, um papa extremamente político, não que estejamos apontando um defeito, dentre muitos defeitos há méritos em demasia do papa, muito sobre as articulações tomadas, mesmo que entre críticas até mesmo justas sobre encontros do pontífice com líderes nacionais de índole questionável, e até mesmo defensores de ideologias ou ideários aversos à doutrina católica. Há de ser lembrada a renúncia de um papa intelectual (papa Bento XVI) em momento de escândalo financeiro envolvendo o Banco do Vaticano, e em seguida a chegada de um papa político, qual vem tendo consigo um pontificado extremamente controverso, ao retornarmos neste ponto da memória podemos entender que parte da crise da Igreja Católica é também política.
Em tempos de dubiedades de discursos, de teologias preenchidas por erros, de abandono da filosofia tomista-aristotélica e de ataques à doutrina por parte de membros do clero, cabe ao católico saber ser resiliente, ser forte, e resistir às tentações de abandono da fé, cabe à este não cair nas mentiras de cunho sedevacantista e nas difamações destes, ou mesmo minimizar o atual cenário de crise.