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@ TAnOTaTU
2025-03-03 11:39:00
**Análise Marxista da Pré-História**
A análise marxista da Pré-História (3 milhões de anos atrás a 4000 a.C.) centra-se na evolução das **forças produtivas** e das **relações de produção**, bem como na transição de sociedades sem classes para formas estratificadas, fundamentadas na acumulação de excedentes e na propriedade privada. Este período é crucial para entender as raízes materiais das desigualdades sociais e do Estado.
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### **1. Fases da Pré-História e Modos de Produção**
- **Paleolítico (3 milhões – 10.000 a.C.):**
- **Forças produtivas:** Ferramentas de pedra simples, caça-coleta, vida nômade.
- **Relações de produção:** Comunismo primitivo, com recursos compartilhados e ausência de propriedade privada. A sobrevivência dependia do trabalho coletivo.
- **Classe social:** Inexistente. A "luta" era contra a natureza, não entre classes. Marx e Engels viram nisso um estágio utópico de igualdade, onde a produção era para a subsistência, não para acumulação.
- **Neolítico (10.000 – 4.000 a.C.):**
- **Revolução Neolítica:** Surgimento da agricultura e domesticação de animais.
- **Forças produtivas:** Aumento da produtividade, técnicas de cultivo, armazenamento de excedentes.
- **Relações de produção:** Transição para propriedade privada da terra e divisão do trabalho. O controle sobre excedentes permitiu a ascensão de elites (chefes, sacerdotes), iniciando a **estratificação social**.
- **Classe social:** Emergência de uma classe dominante que controlava a distribuição de recursos, gerando antagonismos. A família patriarcal, como discutido por Engels em *"A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado"*, consolidou a herança de riquezas e a opressão de gênero.
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### **2. Dialética Materialista e Contradições**
- **Contradição principal:** O desenvolvimento das forças produtivas (ex.: agricultura) entrou em conflito com as relações comunitárias do comunismo primitivo. A necessidade de gerir excedentes e terras levou à propriedade privada e à divisão de classes.
- **Superestrutura:** Mudanças na organização social (como hierarquias e ideologias justificadoras do poder) refletiram a nova base material. O Estado, ainda embrionário, começou a surgir como mediador de conflitos de classe.
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### **3. Crítica Marxista à Linearidade Histórica**
- Marx e Engels rejeitavam a ideia de progresso inevitável. A transição para o classismo não foi universal nem homogênea: algumas sociedades permaneceram em estágios pré-estatais até contatos coloniais.
- A **acumulação primitiva** (expropriação de terras comunais) na Pré-História antecipou processos similares no capitalismo, mostrando como a violência é inerente à formação de classes.
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### **4. Conclusão: Da Pré-História à Classe**
A Pré-História marxista ilustra a transição de **sociedades igualitárias** para **sociedades classistas**, impulsionada pelo desenvolvimento técnico e pela luta pelo controle dos recursos. O Neolítico foi um divisor de águas, estabelecendo as bases materiais para o surgimento de civilizações antigas (como Egito e Mesopotâmia), onde o Estado e a escrita consolidaram a dominação de classe. Essa análise destaca que as relações sociais são produtos históricos, não naturais, e que a luta de classes é um motor da transformação desde os primórdios da humanidade.