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@ Tiago G
2025-03-05 11:04:29
Segundo a filosofia Aristotélica quando analisamos uma coisa seja ela um objecto ou um fenómeno devemos ser capazes de observar as suas causas. Podemos dizer que analisar as causas nos permite compreender com outra densidade, a origem, o significado e a finalidade das coisas.
Atualmente, estamos vetados a um reducionismo materialista quando fazemos ciência, sendo portanto nota dominante a nossa fixação na matéria como o fator primordial do conhecimento dos objetos. Ao fixarmo-nos neste aspeto perdemos muitas outras dimensões que compõe as coisas.
Atendamos então a Aristóteles e a quatro causas que este autor identifica para as coisas e fenómenos.
Segundo o filósofo grego as causas dividem-se entre: materiais (relativas ao que algo é feito), as formais (relativas ao que algo é), as eficientes/motoras (relativas ao que as produziu ou quem as produziu) e as finais ( relativas á finalidade, Télos ou para quê; ou seja o que algo visa ou “tem por fim”).
Seguindo esta teoria das quatro das quatro causas podemos descrever as condições de existência tanto de entidades estáticas como em transformação. Quer isto dizer que assim temos meios para explorar o porquê das coisas. Até conhecermos o porquê das coisas não podemos dizer que as conhecemos verdadeiramente.
Analisemos um exemplo para que fique mais claro este método de análise. Uma mesa tem como causa material a madeira que a compõe, a sua causa formal (que diz respeito à forma) é a estrutura, ou seja o seu design; a sua causa eficiente é o trabalho de carpintaria que lhe deu origem e a sua causa final é servir de suporte para as refeições.
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Destas causas destaco em particular a causa final que creio ser a que mais frequentemente induz confusão nas pessoas. De facto, o conhecimento da finalidade das coisas é fundamental inclusive para que possamos viver de forma harmoniosa com a realidade. É certo que nos podemos sentar numa mesa e jantar na cadeira, contudo automaticamente vamos perceber a desarmonia que advém dessa decisão.
Por vezes essa desarmonia não será tão evidente, no entanto não nos podemos esquecer que tudo o que existe tem um propósito, isto é orienta-se para um fim, cumprindo-nos agir em conformidade com a natureza das coisas para alcançar essa harmonia com a própria realidade.
São muitas as ocasiões na nossa vida que queremos de alguma forma revogar esta inclinação natural das coisas para os seus fins, que funciona também como objeto e fundamento para a lei natural. Vejamos por exemplo a forma como muitas vezes quando comemos, em vez ordenar a nossa ação pelo fim primeiro (alimentar-se) buscamos o prazer como fim primário ao qual os outros estão subordinados resultando em desordem, ou seja num apetite que não está em conformidade com o objetivo último da alimentação. Não quer isto dizer que não se possa ou deva sentir prazer ao comer, quer apenas dizer que o fim último para que existe esse ato não é o prazer, mas sim a subsistência do corpo. Com este exemplo conseguimos perceber que há uma ordenação natural nos fins para que se orientam as coisas, sendo que nessa ordenação há sempre fins primários e secundários. Sendo conscientes dessa hierarquia podemos, de uma forma mais ajustada adaptar as nossas atitudes á realidade, isto é aos preceitos da lei natural.