@ Rafa Borges

O tricolor anunciou no dia 2 de julho (ontem) Mano Menezes como mais novo treinador da equipe após sequências de derrotas e más atuações sobre o comando do, já demitido, Fernando Diniz. Essa escolha por Mano Menezes denuncia o porquê do tricolor das laranjeiras ser um forte candidato ao rebaixamento nessa temporada de 2024 e o os indícios do porquê do clube estar na lanterna da tabela da Série A do Campeonato Brasileiro na 14ª rodada, no momento com somente 6 pontos.

Infelizmente parte da torcida do Fluminense, assim como o padrão de torcidas do Rio de Janeiro com certas exceções, como a do Flamengo, que é nacional e monopoliza a imprensa local do Rio, ou não se mobilizam devidamente (caso do Vasco da Gama) ou não possuem número básico para uma mobilização em contrariedade às decisões questionáveis sobre péssimas escolhas de técnicos por parte da diretoria, tornando o torcedor refém das esperanças em bravejamento das frases "temos que torcer!", "não foi a melhor escolha mas vamos apoiar!", etc e etc. Os trabalhos recentes de Mano Menezes não são dos melhores, a se pesquisar por manifestações virtuais de torcedores do Corinthians e Internacional durante o fim dos trabalhos do profissional em ambos os clubes é visível o número massivo de torcedores clamando por sua demissão, o último título do técncio gaúcho foi um Campeonato Mineiro frente ao memorável Cruzeiro de 2019, que rebaixou no mesmo ano com algumas semelhancas sobre a montagem de elenco composta por jogadores em idade avançada.

A busca do Fluminense por um profissional que vem de trabalhos problemáticos pode apontar ou a falta de competência do departamento de scout para a contratação de um profissional que possa resgatar o futebol de um atual campeão da Copa Libertadores da América ou mesmo a diligência dos dirigentes frente a uma crise já instaurada nas Laranjeiras. A diretoria comete sua terceira falha no ano, a primeira foi a montagem de um plantel de jogadores próximos da aposentadoria, portanto derrubando qualquer chance de obter um time que possa ter versatilidade no seu estilo de jogo e dispoisção física para aplicar um jogo mais competitivo, adequando a parte inferior da tabela do campeonato; a segunda falha foi a garantia da permanência do ex-técnico Fernando Diniz quando este já dava sinais de que não mudaria o estilo de jogo aplicado tendo em vista a atual situação do clube, e agora a terceira é a contratação de um treinador decadente no cenário do futebol nacional.

Sobre a primeira falha: um elenco envelhecido

Em conversas com torcedores do Fluminense percebi que muitos desacreditam que a idade média do time seja um problema, são relutantes à essa ideia pois obtiveram um título de Copa Libertadores da América com um elenco também composto majoritariamente por veteranos, porém os torcedores do Fluminense pouco se atentam ao fato de que esse feito foi uma exceção, não uma regra. Um dos maiores canais sobre o Fluminense no YouTube, chamado "Sentimento Tricolor", na transmissão ao vivo da apresentação em coletiva de imprensa do Mano Menezes pelo Fluminense afirmou que a idade não é um fator determinante para explicar essa atual situação do time, pois "existem jogadores mais novos que não jogam bem", e de fato há razão em parte quando dito que esse fator não explica a queda de rendimento e crescente nos maus resultados do clube no ano de 2024, porém é uma das questões que, sim, levantam dúvidas sobre — não a queda de rendimento e má fase — a incapacidade de reação do time dentro dos jogos, ou seja, a impossiblidade do Fluminense em arrancar resultados na marra, tal como em jogos quais um time muito inferior ao adversário consegue, na luta, sabe-se lá como, roubar pelo menos um ponto no confronto, algo extremamente crucial em campeonato de pontos corridos, e o Fluminense não vem fazendo esse dever de casa visto que no campeonato todo o time obteve apenas uma vitória, três empates e oito derrotas.

Um time titular recheado de veteranos implica em maiores limitações táticas, requer mais atenção à gestão física destes, requer mais tempo de preparação fisícia e, portanto, mais jogos em que determinados atletas são poupados, nisso soma-se ao método do trabalho do ex-treinador, Fernando Diniz, que restringia-se ao uso de um pouco mais de 20 atletas do plantel e experimentações de jogadores em adaptações sobre posições incomuns ao conjunto tático habitual, que catalizava o processo de obsolessência do esquema, tornando cogniscível para qualquer adversário o funcionamento tático do time e o padrão de ajustes durante os jogos. A composição do elenco formada por um número considerável de atletas já próximos do fim da carreira obrigava o técnico a fazer substituições previsíveis desses atletas quando jogavam como titulares, assim queimando possibilidades de ajustes táticos, algo que já não é comum aos trabalhos do Diniz, que costuma abusar de um único esquema até que esse chegasse em sua obsolessência e achasse um novo esquema com algumas modificações pontuais de atletas em campo, e que se tornou menos comum ainda devida a limitação física de alguns.

Segunda falha: gestão e comando sobre o trabalho de Fernando Diniz

Geralmente os times em má fase buscam em sacadas táticas os erros de adversários para arranjarem um gol na marra, é compreensível quando o adversário atua próximo da perfeição e não cede erros, porém no caso do Fluminense é visível um time excelente tecnicamente, porém limitadíssimo no psicológico devido as sequelas do trabalho de Fernando Diniz. É do padrão dos times de Fernando Diniz o desgaste psicológico devido seu comportamento histérico em momentos de crise, assim uma crise emocional coletiva por desmotivação pela ausência de respostas e soluções por parte do técnico, que ao observar o erro insiste nele por crer que os bons resultados são obtidos por via da repetição, ou que para ele inexiste possibilidade de planos B, uma vez que o plano B indica desconfiança sobre o plano A, isso torna o Fernando Diniz um péssimo gestor de grupo em momentos de crise, apesar do oposto ser fato: um excelente gestor de grupo em bons momentos por conseguir potencializar tecnicamente jogadores descrentes das próprias habilidades.

Ocorre que para que um time, dentro dos jogos, consiga conquistar pontos na marra, necessita ter uma base emocional e psicológica bastante sólida, assim um espírito que esteja de acordo com um psicológico saudável e um físico também saudável, deveria ter sido matéria de estudo da diretoria do Fluminense a incapacidade do time em obter resultados na marra, portanto assim feito o clube uma avaliação sobre a gestão de Diniz frente a crise e então intervenções no trabalho do próprio, como ordem pelo fim da saída limpa pelo fundo ("saidinha do Diniz" ou saída de futsal), mudança no espaçamento deixado pelo time no setor defensivo, ordem por fim da atuação demasiada do time no setor intermediário do próprio campo (frente da grande área) nos momentos de construção de jogo e limite na presença de jogadores veteranos no elenco como forma de preservar substituições, o que não ocorreu devida a confiança na diretoria sobre as capacidades de Fernando Diniz, que possui em seu histórico como treinador trabalhos ruins em times que atuavam na parte de baixo da tabela.

Terceira falha: Mano Menezes

A escolha de Mano Menezes é problemática pelos fatores citados anteriormente na introdução deste artigo, porém existem mais controvérsias sobre a figura: há uma deficiência de moral e de espírito no coletivo do time do Fluminense, Mano Menezes não atende ao perfil de potencializador psicológico de times, ou de "bombeiro", e recentemente envolveu-se em polêmica quando, durante uma partida pelo Campeonato Paulista, ofendeu o jogador Yuri Alberto, no Corinthians, questionando se esse era "burro", e é do histórico dos trabalhos de Mano as intrigas e desmotivações dentro dos grupos geridos pelo próprio: as crises do Cruzeiro de 2019 com Thiago Neves e Egídio, os problemas com Lucas Lima no Palmeiras também em 2019 e com o resto do elenco no ano de 2020.

Foi vice campeão pelo Internacional em 2022, mas seus feitos param por aí, há de ser comparado dessa forma com o recém demitido, se colocado para um dirigente de um grande clube do futebol brasileiro na Série A duas opções, o técnico campeão da Copa Libertadores da América ou o que foi vice campeão brasileiro há dois anos atrás, e imposto a esse dirigente que escolhesse qual, com um detalhe: ambos são conhecidos por serem teimosos e insistentes com escalações de determinados jogadores, ambos são temperamentais em crise, ambos possuem histórico de má gestão de grupo em crises, mas um é um ofensivista imprudente e outro é um retranqueiro que, como todos os retranqueiros — a exemplo de Odair Hellmann e Celso Roth —, afirma ser defensor de um jogo mais equilibrado, ora, a resposta dependeria do perfil de jogadores que compõem o plantel, isso se o dirigente for bom profissional e tiver o mínimo conhecimento de futebol...

Ocorre que, pelo que tudo indica, o perfil de treinador é semelhante, o que muda é o estilo de jogo, que ao contrário do que afirma Mano Menezes, é sim um estilo de jogo pautado na capacidade defensiva do time, é evidente que o próprio venderá seu trabalho como um "trabalho equilibrado", dizendo-se admirador do jogo híbrido, porém na prática não é o que ocorre, tanto no Internacional como no Corinthians, seus trabalhos recentes, fez os times jogarem um futebol defensivista, e no Fluminense isso é uma dúvida a ser esclarecida pois o elenco foi montado para a aplicação de um jogo mais cadenciado e de posse de bola pautado na construção, mesmo que com os vícios do trabalho de Fernando Diniz, uma construção infindável que não gerava receptores no setor de ataque.

Porém, se rebaixado o time do Fluminense, os culpados do rebaixamento não devem ser Fernando Diniz e Mano Menezes, mas sim a diretoria, que abdicou da lógica e da seriedade profissional em análise sobre os trabalhos técnicos e táticos no ano de 2024 e acreditou no "dinizismo" e na questionável capacidade de reparo de Mano Menezes. Há de ser percebido que enquanto os demais clubes do país buscam técnicos estrangeiros bons após intensivas análises do setor de scout o Fluminense insiste em andar para trás e acreditar no trabalho de treinadores decadentes do futebol nacional, treinadores brasileiros esses que mesmo os melhores e mais promissores não conseguem fazer bons trabalhos em clubes de Peru e da Colômbia, infelizmente a diretoria tricolor acredita em nomes como Mano Menezes, Roger Machado, Fernando Diniz e etc. Não será de se admirar, caso haja uma possível demissão futura de Mano Menezes, como é de costume em equipes no Z4 (demissão de dois técnicos na temporada), o clube insista em outros treinadores decadentes do futebol brasileiro. O que espanta, no momento, é a boa fé dos torcedores do Fluminense com a escolha da diretoria pelo nome de Mano Menezes, que geraria medo em qualquer torcida de clube que dispute títulos no Brasil, mesmo que o Fluminense esteja no Z4 há de ser recordado que trata-se do atual campeão da Copa Libertadores da América, precisaria de técnico que esteja a altura do elenco e das necessidades do time.