-
![](https://nostrcheck.girino.org/media/3ffac3a6c859eaaa8cdddb2c7002a6e10b33efeb92d025b14ead6f8a2d656657/5da97e3f19b6bd677d35ff2c7379ce4bec69bf0ee6ec625ff64b7a0c711db0a1.webp)
@ Girino Vey!
2025-02-04 12:34:24
Nos idos gloriosos do início dos anos 2000, quando o Orkut ainda era rei e o maior dilema da humanidade era escolher o toque de celular polifônico menos vergonhoso, meu amigo Luciano decidiu se casar. E, como manda a tradição milenar dos homens que tomam decisões questionáveis, organizamos uma despedida de solteiro. O palco da epopeia? A lendária Skorpius, um puteiro popular de Belo Horizonte, famoso não só pelas profissionais do entretenimento adulto, mas também pelos shows de strip-tease que faziam qualquer um se sentir protagonista de um filme B.
A turma estava completa: eu, Anita (sim, a minha namorada, porque aqui não tem frescura), o irmão dela e uma galera animada. Tínhamos uma mesa grande, cheia de cerveja, risadas e aquela energia de quem acha que está vivendo um momento histórico. Contratamos um show de lap dance para o noivo, porque é o que se faz nessas ocasiões, e o clima era de pura diversão.
Entre os convivas, estava o concunhado do Luciano — marido da irmã da noiva. Um rapaz do interior, da nossa idade, mas com uma inocência que parecia ter sido importada direto de um conto de fadas. O menino bebeu como se não houvesse amanhã e ficou absolutamente hipnotizado pelas dançarinas. Até que uma delas, talvez tocada por um instinto maternal ou simplesmente pelo espírito da zoeira, resolveu dar atenção especial ao rapaz.
E lá estava ele: quando nos distraímos por dois minutos, o concunhado estava BEIJANDO a profissional na boca. Sim, no meio da Skorpius, com a convicção de quem achava que tinha encontrado o amor verdadeiro. Um detalhe importante: a moça tinha apenas um braço. Nada contra, mas o conjunto da cena era tão surreal que o Luciano, num ato de irmandade e danos controlados, arrancou o concunhado dali antes que ele pedisse a mão dela em casamento (no caso, literalmente).
Dois meses depois, o universo conspirou para o grande clímax: um churrasco de aniversário do Edinanci, com a galera toda reunida. A esposa do Luciano (o nome dela se perdeu na memória, mas o rancor ficou registrado) estava possessa. Fez um tour diplomático pelo evento, indo de namorada em namorada, de esposa em esposa:
— Você sabia que os meninos foram num puteiro e contrataram show de strip-tease na despedida de solteiro do Luciano?
O concunhado, corroído pela culpa, tinha confessado para a irmã o seu “pecado”, que por sua vez contou para a noiva do Luciano, que resolveu transformar o churrasco num tribunal de Pequenas Causas.
Mas nada superou o momento em que ela chegou para a Anita:
— Você sabia disso?
E a Anita, com a serenidade de quem não deve nada para a vida:
— Claro que eu sabia. Eu estava lá!
Fim da história? O concunhado continuou sua jornada de autoconhecimento e arrependimento. O Luciano, porém, conquistou o prêmio maior: um divórcio relâmpago, com menos de seis meses de casamento. Moral da história? Nunca subestime o poder de um puteiro, de um concunhado ingênuo e de uma Anita sincerona.